Nematóide do Cisto PDF Imprimir E-mail

 

Heterodera glycines


Introdução –


O nematóide do cisto é muito comum em todas as regiões do Brasil, no estado do Mato Grosso está presente em 35% das áreas produtoras (Ribeiro, 2008). E é o nematóide que tem maior capacidade de causar perdas que são da ordem de 10 a 30% em locais com baixa infestação (1 a 10 cistos viáveis em 200 cm³ de solo) e até 70% naqueles locais com mais de 20 cistos viáveis por 200cm³ de solo.
O uso de cultivares resistentes é sem duvida a medida mais eficaz para o controle do nematóide do cisto da soja. Atualmente no Brasil existe no mercado 47 cultivares resistentes/tolerantes ao nematóide do cisto. Outra medida que pode ser adotada é a rotação com milho, sorgo, algodão e cana-de-açúcar que permite uma redução de até 70% no número de cistos viáveis no solo. Sendo importante, antes de adotar tal medida, que seja feito a análise nematológica para se ter certeza de qual gênero de nematóide existe na área, pois tais culturas são hospedeiras de outros nematóides. Rotação ou sucessão com adubos verdes também pode ser um bom manejo, um ciclo de Mucuna pode reduzir em até 68% o número de cistos viáveis (GARCIA, SILVA, 1997).  
O cultivo de plantas não hospedeiras por dois anos é geralmente suficiente para o controle da doença, porém, em casos de infestação elevada, um ano adicional de cultivo de plantas não hospedeiras é recomendado.


Figura 1 – A Reboleira na lavoura de soja; B. Raízes secas causada pelo ataque do nematóide do cisto; C. Fêmea ainda viva alojada na raiz; D. Cistos do nematóide Heterodera sp. e D. Manchas na beira da estrada mostrando a disseminação do nematóide do cisto da soja.


Principais sintomas –


O nematóide de cisto se aloja nas raízes da planta dificultando a absorção de água e nutrientes, em consequência as plantas podem apresentar sintomas de desnutrição, mesmo que o solo esteja bem adubado. Assim nas áreas onde o nematóide está presente, é comum observar-se manchas na lavoura (reboleiras) com plantas pequenas, amarelas, com poucas vagens ou mortas. Esses sintomas podem aparecer inicialmente na entrada das lavouras onde o maquinário da fazenda inicia o trabalho.

 

Figura 2 – Reboleira causada por Heterodera glycines.

Morfologia-


Fêmea - De 0,4 a 0,8 mm de comprimento, com forma de limão, 300-600 micrômetros de diâmetro, são de coloração branca ou amarela quando imaturas, mas com a maturidade ficam pretas ou marrons.
Machos - De 0,6 a 1,6 mm de comprimento, vermiformes com cauda arredondada.

Figura 3 – Formas de apresentação de Heterodera glycines: A Fêmea antes da penetração; B Fêmea após a penetração e seus ovos; C. Macho; D. Formato das caldas; E. Estilete bem visível no gênero e F. Cistos.


Ciclo de vida –


O ciclo de vida pode durar de 24 a 30 dias sob condições ótimas, no verão. Consequentemente, duas a quatro gerações por safra são possíveis. Os juvenis do nematóide de cisto da soja, na forma de larva eclodem dos ovos no solo quando há níveis adequados da temperatura e de umidade. A fase de juvenil é o único estágio da vida do nematóide capaz de infectar raízes da soja.
Após ter penetrado nas raízes da soja, os juvenis movem-se dentro da raiz até encontrarem o tecido vascular. Lá param de mover-se, perdem a maioria dos músculos de seu corpo, e começam a alimentar-se. Para alimentar-se, os nematoides injetam as secreções que modificam algumas células radiculares, transformado-as nos locais de alimentação especializados.
Enquanto os nematóides se alimentam, incham. Geralmente, as fêmeas tornam-se tão inchadas que passam através do tecido da raiz, ficando expostas na superfície da raiz. Os nematóides masculinos, que não ficam inchados quando adultos, migram para fora das raízes e, no solo, fertilizam as fêmeas adultas, que ficam com parte do corpo exposta. Após a fertilização, os machos morrem, mas as fêmeas permanecem unidas às raízes e continuam a se alimentar. As fêmeas inchadas começam a produzir ovos, inicialmente em uma massa ou saco de ovos fora do corpo e mais tarde dentro da cavidade do corpo da fêmea. A cavidade inteira do corpo da fêmea adulta torna-se cheia de ovos, e a fêmea morre. É o corpo da fêmea cheio de ovos que é conhecido como cisto. Os cistos são desprendidos das raízes e se tornam livres no solo. As paredes do cisto tornam-se muito resistentes e fornecem a proteção excelente para os 200 a 400 ovos ali contidos. Os ovos do nematóide de cisto da soja sobrevivem dentro do cisto até que as circunstâncias se tornem apropriadas para eclodir. Esse período pode ser de até nove anos (SCHIMITT, RIGGS, 1991).

Figura 4 - Heterodera glycines. Ciclo de vida (de Tihohod, 1993).


Figura 5- Cistos de Heterodera glycines.

Principais hospedeiros –


Seus principais hospedeiros são: soja e feijoeiro


Disseminação –


Os agentes de dispersão mais comuns são: máquinas e implementos agrícolas, torrões de terra presentes na semente durante o transporte, sementes de braquiária colhidas em áreas anteriormente ocupadas por soja, nuvens de solo formadas durante o preparo de solo convencional e a água da enxurrada.